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Foto do escritorReildo Souza

Será que justiça é o suficiente?

Atualizado: há 2 dias

Capítulo sobre Justiça e Misericórdia: Uma Reflexão Profunda e Apaixonante

A busca por justiça reside no âmago do ser humano, uma chama que arde em nossos corações. No entanto, o entendimento do que constitui justiça varia drasticamente, moldado pela capacidade individual de empatia. Acompanhemos a história de Marcus para explorar essa complexa dinâmica:

Marcus, um menino de 7 anos excepcionalmente inteligente, era frequentemente levado por seus pais a uma comunidade carente próxima. Ali, eles realizavam trabalhos sociais, estendendo a mão a muitos necessitados. Marcus era admirado por todos, irradiando dedicação e carinho para com os menos favorecidos. Aluno exemplar e querido pelos colegas, era sempre o primeiro a oferecer ajuda a quem precisasse.

Dois dias após completar 18 anos, Marcus recebeu uma notícia urgente na faculdade: deveria retornar imediatamente para casa. Sua mãe estava doente. A apreensão o consumia. Ao chegar, encontrou alguns familiares com os olhos marejados, temendo o pior. Ao entrar no quarto, viu sua mãe, triste, mas aparentemente bem. Um alívio o inundou. Nesse instante, sua irmã caçula entrou correndo, gritando que o pai deles havia morrido, atropelado. O alívio momentâneo se transformou em um pânico avassalador.

Os meses seguintes foram um turbilhão de dor e luto. Marcus, ainda profundamente abalado pela perda do pai, começou a se relacionar com uma garota considerada problemática na faculdade, envolvida com drogas pesadas. Buscando, talvez, anestesiar a dor lancinante da perda, Marcus experimentou cocaína. A inexperiência o levou rapidamente à dependência, encontrando na droga um alívio ilusório para seu sofrimento. Em menos de um ano, abandonou a faculdade e passou a cometer assaltos para sustentar o vício, devastando sua família.

Em um dia fatídico, sob efeito de drogas, Marcus tentou assaltar um policial à paisana que reagiu. Em um ato instintivo de autodefesa, disparou, matando o policial. Imediatamente após o tiro, a ficha caiu. O horror o atingiu em cheio. Chorando convulsivamente, permaneceu no local até ser preso. Na prisão, foi brutalmente espancado até a morte.

Essa narrativa, com diferentes personagens e contextos, ecoa pelo mundo, suscitando reflexões profundas sob diversas perspectivas.

Os amigos e familiares do policial, compreensivelmente, clamam por justiça, acreditando que a morte de Marcus representou uma retribuição adequada pelo assassinato de um pai de família. A mãe e os familiares de Marcus, por outro lado, dilacerados pela dor, não conseguem entender como um jovem tão bom se perdeu tão rapidamente. Anseiam por uma chance de redenção para Marcus, para que ele pudesse voltar a ser o jovem amado por todos.

E você, leitor, qual a sua perspectiva? A morte de Marcus representa justiça? Ou a verdadeira justiça exige a presença da misericórdia? Lembre-se: você pode ser o pai de família enlutado, mas seu filho também poderia ser um Marcus.

Todos nós, sem exceção, cometemos erros, alguns deles irreparáveis. A justiça é necessária, inegavelmente, mas não apenas como um instrumento de punição. Uma educação puramente punitiva é lenta e ineficaz, gerando ressentimento e revolta. A verdadeira justiça precisa caminhar de mãos dadas com a misericórdia, nutrindo a centelha divina que reside em cada um de nós.

Imagine se Marcus não tivesse morrido. Imagine se, após cumprir sua pena, ele tivesse dedicado sua vida a educar jovens sobre os perigos das drogas. Quantas vidas ele poderia ter salvo em nome daquele policial que, tragicamente, perdeu a sua?

Justiça sem misericórdia se transforma em mera vingança. Uma vingança que não cura, não transforma e não previne novas tragédias. A verdadeira justiça, aquela que toca a alma e transforma o mundo, é a justiça temperada pela misericórdia, que reconhece a humanidade em cada um, mesmo naqueles que se perderam pelo caminho. Uma justiça que oferece a chance de redenção, de aprendizado e de transformação, construindo, assim, um futuro mais compassivo e humano.



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